Fabíola Tarapanoff
Escolhas. O tempo todo fazemos escolhas, de
forma consciente ou inconsciente. E se eu aceitasse aquele emprego? E se nós
ficássemos juntos? Às vezes uma simples escolha pode alterar toda uma série de
acontecimentos futuros. E há os sonhos. Sempre nos guiando. Para onde vou? O que
quero?
La la
land – Cantando estações (La la land, EUA, 2016) fala sobre sonhos e escolhas. Mia (Emma Stone) é uma garçonete em uma cafeteria no Studio da Warner Brothers que sonha
em ser atriz. Sebastian (Ryan Gosling) é um pianista que aprecia o jazz em suas
origens, ama Thelonious Monk e Dizzie Gillespie e quer ter seu próprio bar. Em
busca dos sonhos na “cidade das estrelas”, eles acabam se esbarrando.
Estranham-se. Reencontram-se. E se reconhecem como iguais. Como almas, artistas
que buscam um lugar ao sol enquanto devem ouvir tantos nãos.
Passam as estações e aos poucos ele consegue fechar
um contrato e faz parte de uma banda mais comercial. Enquanto isso, Mia realiza
o sonho de montar sua própria peça, com roteiro escrito por ela e monólogo que
ela mesma interpreta. Com o tempo, eles tentam conciliar carreira e vida
pessoal, uma das grandes dificuldades da vida contemporânea.
Dirigido por Damien Chazelle e música composta por
Justin Hurwitz, o filme é uma verdadeira ode à Hollywood clássica, com
homenagem a uma série de filmes, como Cantando
na chuva (1952), de Gene Kelly e Stanley Donen, em que eles dançam à luz do luar e Sinfonia em Paris, dirigido por Vicente Minnelli em 1951. Há ainda referências a Cinderela
em Paris, dirigido por Stanley Donen em 1957, em que Emma Stone lembra Audrey Hepburn na "cidade luz" e Juventude transviada, de Nicholas Ray (1955), filmado no belo Observatório Griffith em Los Angeles, em que James Dean entra para a história
no papel do atormentado Jim Stark. E há uma homenagem a Casablanca, de Michael Curtiz (1942), um romance que marcou gerações por um fim não
exatamente feliz.
Há ainda espaço para referências ao cinema europeu,
como O balão vermelho, dirigido por Alberto Lamorisse em 1956 e Os guarda-chuvas do amor, de Jacques Demy (1957). Apesar de
críticas na mídia sobre o desempenho como cantores e dançarinos, Gosling e
Stone fazem bem seu papel e os personagens são pessoas normais que tentam um
espaço no mundo artístico e não gênios como Fred Astaire e Ginger Rogers.
Maior vencedor do último Globo de Ouro, com sete estatuetas, o filme concorreu a 14 indicações em 13 categorias do Oscar
(Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Gosling), Atriz (Stone), Melhor
Trilha Sonora, Melhor Design de Produção, Melhor Figurino, Melhor Fotografia, Melhor
Montagem, Melhor Mixagem de Som, Direção de Arte, Melhor Roteiro Original e
Melhor Canção (City of stars e Audition – the fools who dream). O musical conseguiu assim o chamado “big five”, com indicações nas categorias mais prestigiosas do Oscar: Filme, Direção, Ator, Atriz e Roteiro. Recentemente Trapaça conseguiu esse feito e em toda história do Oscar somente três longas venceram nessas cinco categorias: O silêncio dos inocentes, dirigido por Jonathan Demme em 1991, Um estranho no ninho, dirigido por Milos Forman em 1975 e Aconteceu naquela noite, dirigido por Frank Capra em 1934.
Alguns críticos consideraram o número de indicações
excessivo, mas o filme tem seus méritos, além de ser exatamente o tipo de obra
que agrada a academia, ao mostrar artistas buscando realizar seu sonho
justamente em Hollywood. Acabou ficando com seis estatuetas, de Melhor Atriz (Emma Stone), Melhor Diretor (Damien Chazelle), Música Original (City of stars), Trilha Sonora, Fotografia e Design de Produção. No final da premiação La la land foi erroneamente anunciado como Melhor Filme por Warren Beatty e Faye Dunaway, mas a produção ao perceber o erro, logo chamou ao palco a equipe de Moonlight: sob a luz do luar, dirigido por Barry Jenkins.
A direção de arte é inspirada e lembra muito os anos 1950, apesar de se passar na época atual.
As cenas de dança e as músicas são belas e lembram uma Hollywood esquecida. Impossível não terminar de ver sem sentir certa nostalgia e melancolia em pensar que as escolhas estão sendo feitas sempre e a todo momento. E simplesmente podem mudar o rumo inteiro de uma vida.
A direção de arte é inspirada e lembra muito os anos 1950, apesar de se passar na época atual.
As cenas de dança e as músicas são belas e lembram uma Hollywood esquecida. Impossível não terminar de ver sem sentir certa nostalgia e melancolia em pensar que as escolhas estão sendo feitas sempre e a todo momento. E simplesmente podem mudar o rumo inteiro de uma vida.
(La la land, EUA, 2016)
Direção: Damien Chazelle
Música: Justin Hurwitz
Elenco: Emma Stone, Ryan Gosling, John Legend, Rosemarie DeWitt, Sonoya Mizuno e Callie Hernande.
https://www.youtube.com/watch?v=sirJQk0NmDc