Sunday, March 22, 2015

"Chaplin"

Por Fabíola Tarapanoff


“Sorria.” É simplesmente o que ele diz que deve fazer, depois de saber que a mulher que o marcou na sua juventude morreu. Diante da notícia, mesmo arrasado, ele tira o chapéu e acena à multidão que o espera na estação de trem em Londres, sua cidade natal, após fazer sucesso nos Estados Unidos. Seu nome? Charles Chaplin, interpretado de maneira inesquecível por Robert Downey Jr., que se entrega totalmente ao papel. Downey Jr. tinha 27 anos quando foi indicado ao Oscar de Melhor Ator em 1993 pelo papel, ganhando o prêmio BAFTA por sua impecável atuação. Na época da divulgação da obra, ele chegou a afirmar à imprensa: “Fazer Chaplin no cinema transformou minha vida. Em um momento sou eu mesmo. No minuto seguinte, sou Chaplin”, disse. Até hoje o ator se diz influenciado pelo humor do ícone, que serviu de inspiração para a criação do personagem Tony Stark, de O homem de ferro.

Dirigido por Richard Attenborough e baseado na sua autobiografia e na biografia de David Robinson (Chaplin: His Art e His Life), mostra a vida de um dos maiores mitos da sétima arte. A obra inicia mostrando Chaplin tirando sua maquiagem diante de um espelho e depois ele já idoso contando sua história ao biógrafo, o personagem fictício George Hayden (Anthony Hopkins).

A obra mostra sua infância pobre em Londres, quando teve de morar em um orfanato com seu irmão Sidney (Paul Rhys), porque sua mãe (Geraldine Chaplin, que faz o papel de sua avó, Hannah Chaplin), tinha crises de loucura e teve de ser internada em um hospício para tratamento.

Depois apresenta sua juventude, quando começa a trabalhar para a companhia de teatro de Fred Karno e consegue sucesso como um bêbado que chama a atenção de todos na sala de espetáculos. Nessa época conhece A grande oportunidade vem quando Mack Sennett o convida para fazer filmes na Califórnia e ele passa a receber 150 dólares por semana. Aí ele tem a ideia de criar um personagem que se torna sua marca: o adorável Vagabundo, Carlitos. O sucesso é tão grande, que Chaplin exige receber um salário maior que Sennett e cria seu própria estúdio.




O filme mostra como foram criados os grandes filmes de sua vida, como O garoto, Em busca do ouro e seu perfeccionismo, chegando a rodar mais de 50 vezes a cena em que a florista cega confunde o Vagabundo com um milionário devido ao bater de portas de uma limusine em Luzes da cidade. Também são retratados seus amores, como a primeira mulher, Mildred Harris (Milla Jovovich), que era menor de idade na época, Lita Grey (Mariah Moore), Paulette Goddard (Diane Lane), Oona O’ Neill, filha do escritor Eugene O’Neill (Moira Kelly) e Hetty (Moira Kelly), uma atriz de vaudeville que acaba se casando e morrendo depois em uma epidemia de gripe e que Chaplin nunca esquecerá.

Destaque para o momento em que Chaplin é exilado dos Estados Unidos, tendo de morar na Suíça, por ser considerado comunista por J. Edgar Hoover (Kevin Dunn) devido ao filme O grande ditador, que trazia uma sátira à Adolf Hitler. Chaplin considerava-se, na verdade, um humanista. Em 1973 ele retorna ao país que considerava a "terra das oportunidades e onde os sonhos acontecem", para receber um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra. Chaplin morre no Natal de 1977 em sua casa na Suíça, cercado pelos filhos e netos.

Chaplin considerava-se, porém, um humanista, como prova com seu belo discurso do filme, quando ele se rende ao cinema falado. O ator retorna aos EUA em 1973, quando recebe um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra. Ele morre no Natal de 1977, na Suíça, cercado por Oona e seus filhos e netos. Genial e eterno como poucos, ele sempre será lembrado por fazer o que pedia em sua música, da obra Luzes da ribalta, que ganhou o Oscar de Melhor Canção em: Smile.


Ficha Técnica

Chaplin
(Chaplin, EUA, 1992) - Direção: Richard Attenborough
Roteiro:

Baseado nas obras Charlie Chaplin, Sua Arte, Sua Vida, de David Robinson e
Minha Autobiografia, de Charles Chaplin
 Willian Boyd, Bryan Forbes e William Goldman
Música: John Barry


Elenco

Robert Downey Jr.......................................Charles Spencer Charles
Geraldine Chaplin........................................Hannah Chaplin
Paul Rhys.....................................................Sidney Chaplin
John Thraw...................................................Fred Karno
Moira Kelly..................................................Hetty Kelly
Anthony Hopkins………….........................George Hayden
Dan Akroyd..................................................Mack Sennett
Marisa Tomei…………………………........Mabel Normand
Penelope Ann Miller………………….........Edna Purviance
Kevin Kline…………………………...........Douglas Fairbanks
Maria Pitillo…………………………….......Mary Pickford
Milla Jovovich………………….…...……....Mildred Harris
Kevin Dunn………………….……………...J. Edgar Hoover
Deborah Moore……………..……………....Lita Grey
Diane Lane……………….……………........Paulette Goddard
Nancy Travis……………….………….........Joan Barry
James Woods……………..…………….......Joseph Scott
Hugh Donner……………..……………........Charlie aos 5 anos
Nicholas Gatt…………...……………...........Sydney aos 9 anos
Thomas Bradford……...……………….........Charlie aos 14 anos


Sunday, March 08, 2015

"O jogo da imitação"

"Às vezes aqueles que nunca imaginamos conseguem fazer coisas que ninguém imaginaria."  A frase, muito presente no filme O jogo da imitação (The imitation game, ING, 2014), ajuda a entender um pouco a figura complexa de Alex Turing. Brilhante, anti-social, genial. Um homem bem à frente de seu tempo. Sem fazer questão de agradar ninguém, Turing foi um matemático brilhante que simplesmente criou um novo campo na área das ciências exatas.

Ele foi um dos pioneiros na área da computação e criou uma máquina em Bletchey Park que desvendava o famoso Enigma, que criava mensagens criptografadas para o exército alemão. Conseguiu assim descobrir o significado dessas mensagens, contribuindo para o fim da segunda Guerra Mundial e poupando milhões de vidas."

Benedict Cumberbatch tem uma atuação irretocável e emocionante como o gênio que morreu falido e incompreendido (ele era homossexual e foi obrigado a se submeter a um tratamento hormonal para não ser preso) e se suicidou aos 41 anos. Somente foi perdoado 60 anos depois, recebendo honras póstumas da Rainha Elizabeth II, por suas contribuições inestimáveis.

Dirigido por Morten Tyldun, o filme O jogo da imitação foi indicado a oito Oscars (incluindo Melhor Diretor, Melhor Ator - Benedict Cumberbatch, Melhor Atriz Coadjuvante - Keira Knightley, Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Trilha Sonora, Melhor Edição e Melhor Direção de Arte) e ganhou Oscar de Melhor Roteiro Adaptado (Graham Moore), baseado na obra Alan Turing: The Enigma, de Andrew Hodges. No discurso, Moore, que disse ter tentado se suicidar aos 16 anos por ser homossexual, disse: "Nunca pensei que pisaria num palco como esses um dia. Não se importe com que digam, continue diferente."



A obra conta com grandes atores e atrizes, como Keira Knightley, que interpreta Joan Clarke, matemática brilhante e única mulher na equipe de decodificação de Turing. Joan foi noiva de Turing por um período e quis casar com ele, mesmo sabendo que era homossexual. Destaque ainda para as atuações de Allen Leech e Matthew Goode (da série de TV Downton Abbey) e Charles Dance (da série de TV da HBO, Game of Thrones).

Sobre a obra, o ator Benedict Cumberbatch, um dos mais celebrados da atualidade por sua brilhante performance como o mais famoso detetive de todos os tempos na série Sherlock da BBC, disse:

"Eu fiquei surpreso de ver o quão pouco eu sabia antes de ler a história. É uma história real tão comovente que precisa ser ouvida. Há uma urgência em apresentá-la ao mundo", acrescentou.



O jogo da imitação (The imitation game, ING, 2014)
Direção: Morten Tylder
Elenco: Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Matthew Goode, Charles Dance, Mark Strong e Allen Leech.
Roteiro Adaptado: Graham Moore
Trilha Sonora: Alexander Desplat
Produção: Warner Bros., Black Bear Pictures, Holden Automative e Diamond Pictures.

Tuesday, February 17, 2015

"Anna Karenina"

Por Fabíola Tarapanoff

Um romance intenso e proibido na Rússia imperial. Com roteiro de Tom Stoppard e baseado no romance do escritor russo Liev Tolstoy ("Анна Каренина", 1877), "Anna Karenina" (Reino Unido, 2013 - Direção: Joe Wright), mostra a história de Anna (Keira Knigthley), casada com o ministro Karenin (Jude Law) e com que tem um filho, Seryozha.

Quando visita Dolly (Kelly Macdonald), casada com seu irmão "Stiva" Oblonsky (Matthew MacFayden) em Moscou, tentando dissuadi-la de um divórcio, conhece em uma estação de trem o conde Alexei Vronsky (Aaron Taylor-Johnson).

Ele passa a cortejá-la, mas apesar de atraída, Ana resolve voltar a São Petersburgo. No entanto, Vronsky a encontra na estação de trem e declara seu amor.



Os dois vivem uma história de amor fulminante, mas que será mal-visto pela sociedade. Além disso, Karenin não concede o divórcio e a impede de ver seu filho. Anna acaba definhando com tudo isso, o que a conduz a um destino trágico.

É interessante notar a figura de Kostya Levin (Domhnall Gleeson), que é um alterego do escritor Tolstoy, revelando suas crenças e filosofia de vida.

Destaque ainda para a belíssima direção de arte, que traz o palco literalmente para a tela de cinema, com figurinos sofisticados, edições ousadas e congelamento de personagens como recursos para acentuar aspectos da trama.


Atemporal, o filme traz uma história de amor do épico romance de Tolstoy, considerado pelo escritor russo Fiódor Dostoiévski como "impecável obra de arte" e pelo escritor norte-americano William Faulkner, o "melhor romance já escrito".

Ficha técnica
"Anna Karenina" (Reino Unido, 2013 - Direção: Joe Wright)
Elenco: Keira Knigthley, Jude Law, Aaron Taylor-Johnson, Mathhew MacFayden, Kelly Macdonald e Domhnall Gleeson.
Produção: Hassen Brahit/Studio Canal/Focus Features/Working Title Films
Distribuidor no Brasil: Universal Pictures