Sunday, June 10, 2007


Tudo Acontece em Elizabethtown (Elizabethtown, 2005, EUA) Direção: Cameron Crowe


Fiasco. Não é apenas um simples fracasso, é muito maior do que isso. É um fiasco. Não sentir os pés sobre o chão, ter vontade de sair do mundo por um tempo - e quem sabe nunca mais voltar. Sentimentos de inadequação, raiva e medo. Medo de não ter um futuro, de ter jogado oito anos de sua vida fora e não ser ninguém. É o que sente Drew Baylor (Orlando Bloom) , após causar um prejuízo de US$ 972 milhões para a Mercury, uma das maiores empresas de esportes dos Estados Unidos, quando cria o Spasmódica, um tênis revolucionário que não apresenta boa aceitação no mercado. A partir daí, ele vê todos lhe darem as costas: é demitido por seu chefe, Phil DeVoss (Alec Baldwin) e a sua namorada, Ellen Kishomre (Jessica Biel), decide terminar o relacionamento.


Desanimado e sem perspectivas, Drew resolve dar fim a sua vida. Mas o celular toca. E ele tem um outro destino. Ou talvez um novo começo. Sua irmã, Heather (Judy Greer), diz que seu pai, Mitchell (Tom Devitt) morreu em Elizabethtown, sua cidade natal, que fica em Kentucky (EUA). Heather explica que ele é responsável pela família e pede que ele cumpra uma missão: organize o funeral.


Em meio a dolorosas lembranças, no caminho ele tem uma boa surpresa: conhece uma nada convencional comissária de bordo, Claire Colburn (Kirsten Dunst). Espevitada e com uma visão positiva sobre a vida, ela lhe mostra caminhos e que ainda é possível sorrir. Em Elisabethtown, Drew percebe também uma nova forma de encarar a vida, mais simples, e que é querido por sua família, que o considera um vencedor e que ainda não sabe do que ocorreu.


No filme também há espaço para momentos tocantes, mas sem pieguismo. É quando a mãe do rapaz, Hollie (Susan Sarandon), que não é bem-vista pelos amigos e parentes de Mitch, que a consideram "a mulher que o levou para a Califórnia", faz sua homenagem ao marido. Inicialmente tímida, ela conquista aos poucos a todos, com sua declaração de amor verdadeiro e sapateando ao som de Moon River, de Henry Mancini, música favorita do marido. Impossível não se emocionar.


Depois do enterro simbólico de seu pai por meio de objetos, pois ele foi cremado, é hora de voltar para casa. No entanto, Drew ganha antes um presente inesperado de Claire: um álbum com músicas e indicações de passeios para seu trajeto de volta para casa. No caminho ele conhece Memphis, cidade onde o "rei" Elvis morou, come o melhor chilli da região e conhece a sacada onde Martin Luther King foi assassinado, ao som de In the Name of Love, do grupo irlandês U2. Tem uma conversa séria com seu "pai", que foi cremado, e o acompanha em sua viagem em uma urna funerária. "Nós trabalhamos tanto. E para quê?", se pergunta. Deviam ter feito a viagem antes. Mas agora fazem e parte de Mitch vai sendo deixado no caminho, seguindo o rumo do vento, com uma bela trilha sonora de fundo. O rapaz ainda tem de encarar o que ocorreu, quando vê seu fracasso publicado em uma revista de negócios. "Curta cinco minutos de uma tristeza deliciosa. Sinta-a, abrace-a e depois esqueça-a", recomenda a comissária de bordo em seu álbum.
No final ainda mais uma surpresa o aguarda. De uma jovem que lhe deu um grande conselho. "Tristeza é fácil porque é resignação. Experimente dançar um dia por aí com apenas uma mão acenando."